quinta-feira, 10 de março de 2011

Do Chianti a Montalcino. Um passeio inesquecível para qualquer enófilo.

 Era final de primavera de 2010. Eu e 8ia já estávamos desfrutando de uma conquista sensacional: no lugar dos tradicionais hotéis alugamos uma típica casa de pedras Toscana (área rural de Panzano in Chianti). Descrever essa passagem merece um capítulo a parte. Neste vou me limitar a falar do nosso giro do Chianti a Montalcino.




Saímos de Panzano rumo a Montalcino. Previsão era de levar cerca de uma hora e meia para percorrer os 85 km que nos separavam. Porém, o fato de sermos marinheiros de primeira viagem para aquela rota e ainda levando em consideração que íamos para área rural em busca de um produtor de Brunellos, achamos por bem sair com maior antecedência.

 

Seguimos bem o primeiro trecho pelas curvas e incansáveis cenários da Via Chiantigiana (S-222). Logo depois de Siena, que está mais ou menos na metade do caminho, precisávamos seguir por outra estrada local. Assim fizemos e tudo indicava que chegaríamos antecipados a visita.





Todo o bom andamento da viagem começou a perder-se, por incrível que pareça, quando chegamos a Montalcino. Procurávamos por um pequeno produtor. Nada de cartazes, placas ou mesmo estrada asfaltada para contribuir com a busca. Minha co-pilota pressentia que estávamos perto. Eu, por outro lado, desconfiava que devíamos seguir em frente e assim fizemos. Andamos bons quilômetros e no horizonte começavam a surgir sinais de Montepulciano. Era a evidência de que tínhamos passado do ponto. Embora estivéssemos em um belíssimo local, estávamos aflitos por chegar, afinal estavam nos esperando em pleno domingo. Já de volta a Montalcino, numa espécie de Cooperativa local adquirimos um mapa com citação de todos os produtores locais e lá estava nosso alvo: CAPRILI. É verdade que o mapa das estradinhas de terra ajudou muito e sem ele dificilmente chegaríamos, mas confesso: foi difícil!



Os primeiros instantes na Azienda Caprili foram tão marcantes quanto degustar dos produtos Premium que fazem. Aliás, uma coisa complementava a outra e se tornavam memoráveis para nós. Fomos carinhosamente recebidos por uma das sócio-proprietárias que nos levou até ao cappo que estava sobre um trator, arando a terra. Ali mesmo, em meio ao vinhedo, conversamos sobre o tipo de solo da região, as chuvas que haviam sido intensas no começo do ano e que deveriam atrasar a vindima; falamos sobre a tradição familiar, as dificuldades, a opção de exportar (que bom que o Brasil está na lista deles!), entre tantos outros pontos que faziam daquela família profissionais altamente conscientes.




Os proprietários e irmãos, Paola e Paolo
Ao longo de toda a visita fomos percebendo a qualidade de pessoas com quem estávamos lidando. Tudo isso nos despertava uma admiração enorme. Passamos pela área de produção, pela área de guarda com os robles iugoslavos (tipo de tonéis onde os Brunellos envelhecem muito bem) e por fim, quase que de joelhos, degustamos os produtos. Além dos vinhos, um presunto da região e o olio extra-virgem deles nos levavam ao céu (!).
Se a volta de qualquer grande passeio deixa uma ponta de tristeza, confesso que nesse ainda fomos agraciados com um simples detalhe: estávamos na Toscana e o caminho de volta com suas curvas, ciprestes, vilarejos, girassóis e colinas seriam um complemento aquela bela experiência.




Dicas práticas:
Alguns dos seus vinhos são vendidos na Enoteca Decanter (BH) , http://www.enotecadecanter.com.br/home.aspx

Panzano in Chianti:  está a cerca de 30 km de Florença. Acesso de carro. Não tem trem regional;


Nenhum comentário:

Postar um comentário