sábado, 2 de abril de 2011

Via Chiantigiana, Toscana. A bela estrada do Chianti

Acho que se formos mil vezes à capital da Toscana, Firenze, sempre teremos algo a observar, nem que seja pelo único e exclusivo fato de rever os detalhes dessa incrível cidade. Dos telhados que sempre reservam surpreendentes varandinhas, as cúpulas das catedrais, pontes, calçadas, das feiras de rua, dos museus e galerias, lojas, tratorias, enotecas e uma inesgotável lista de saudosas e sempre bem-vindas atrações.










Interior da cúpula da Duomo, com afresco de
Giorgio Vasari e Federico Zuccari representando o Juízo Final

Mas se Firenze parece o poço de inúmeras inspirações (e é mesmo!) descobrimos nas curvas da Via Chiantigiana, a estrada regional que liga Siena a Firenze, cidadezinhas que foram caprichosamente pintadas ou esculpidas nas colinas do Chianti.
Como a região das belas estradas é rural e bem estreita, são poucas as opções de transporte público e horários. Neste caso, alugar um carro é a melhor solução. Alugamos, mais uma vez, um Smart à diária de 50,00 . Rodamos um percurso de 10 km pelas belas estradas S-222, S-429 e S-408. As estradas são bem sinalizadas, mas não tem acostamento. Com toda beleza de ciprestes, oliveira, vinhedos e alguns castelos, tivemos certeza que esse não era um roteiro de um dia só.



















http://www.chianti-chianti.net/

Saindo de Firenze e pegando a S-222 avistamos no alto de uma colina um lindo castelo, onde se produz deliciosos vinhos e azeites. Paramos em sua lojinha na beira da estrada e de lá fomos conhecer o Castello de Verrazzano, uma grata surpresa.

















Interior da loja

Castello de Verrazzano



  Greve in Chianti (26 km de Firenze) foi nossa próxima parada. Ela é a principal cidade do vinho Chianti Classico, e abriga a maior feira de vinhos Chianti, realizada todo mês de setembro.

Uma ruela discreta, estreita e movimentada apenas por moradores nos levou a praça central da cidade, Piazza Giacomo Matteotti.
 Nela uma feirinha de frutas, legumes, queijos, vinhos e até roupa nos esperava. Para nos receber, como se estivesse de braços abertos, um caminhãozinho no qual vendiam perfurmadas porquetas. Ainda naquela praça, trocando ideias com os feirantes, tivemos oportunidades de degustar olivas que mais pareciam mini pêras (grandes, verde e suculentas), azeites que pareciam chás verdes, aroma herbaceous e intenso, castanhas, temperos, queijos curados e fortes que acompanham bem qualquer tábua de frios com suas taças de Chianti Clássico ou até mesmo um Brunello
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L'Antica Marcelleria Falorni é uma parada obrigatória. Tanto quanto o Nerbone, um dos mais tradicionais e deliciosos restaurantes da região. Mas não pense que estou falando de restaurante luxuoso. Definitivamente não é isso. Chique, nessa situação, é ser original respeitando a tradição entendendo a história dos lugares, do seu povo e muito mais. Para se ter uma ideia, almocei um dos pratos mais típicos da Toscana, "La trippa alla fiorentina", a nossa tradicional dobradinha. Verdade seja dita, eu nunca havia comido uma dobradinha tão maravilhosa quanto aquela. Ela derretia na boa, com um sabor maravilhoso e inesquecível. Já a Bia, optou por uma pasta que em si não tinha nada de excepcional, mas no preparo um toque especial fazíanos comer de joelhos. Conta final não passou de  70,00 .













La trippa alla fiorentina do Nerbone


















Piazza Giacomo Matteotti

















Algumas horas depois seguimos pela S-222. Radda in Chianti nos esperava. Depois de apenas 19 km. Dá-lhe mais surpresas, mais sabores e mais vontade de ficar.


Em Radda chegamos perto da hora do almoço e, portanto, não aproveitamos muito do comércio, já que hora do almoço é feita para almoçar e descansar em casa. (Um luxo, não?!).  
Tivemos a sorte de encontrar uma simpática enoteca aberta. Entramos e sentimos o ambiente. Ela era, lógico, pequena, de acordo com as proporções do piccolo paese. Não queríamos passar de liso por Radda. Decidimos pedir uma porção dos famosos prosciutti da região e, claro, um Chanti Clássico.













La Bottega di Giovannino - Radda in Chianti




















Radda tem apenas 1.660 habitantes, linda, florida. Apaixonante


A atmosfera do lugar e o jeito desconfiado dos habitantes contribuiam para nossa admiração. Para selar com chave de ouro, observamos na parede três relógios. Abaixo de cada um o nome das cidades: Radda, Gaiole, Greve. A intensão daquela “obra” era o mesmo de mostrar o fuso horário de cada uma delas. Mas como assim já que eram tão próximas. Não resistindo à dúvida perguntei e a resposta foi super interessante: é uma tradição, acompanhada de um dito popular, que diz que cada cidade tem seus costumes, sua gente e até seu próprio horário. Quer coisa mais bairrista do que essa?! (rs)


Cantina Enoteca Montagnani

 De Radda fomos para Gaiole in Chianti por mais 11 km. Das pacatas cidadezinhas fazíamos questão de levar um “pedaço” dela, assim como já tínhamos feito nas demais. Com uma antiga comerciante da cidade compramos um azeite feito pela família há décadas.  O que poderia ser uma rápida e corriqueira compra, virou quase uma entrevista do IBGE. Queríamos saber sobre ela, sobre a família, da cidade, dos produtos que fabricavam e ainda sobre alguns objetos que eram expostos com orgulho naquela micro lojinha. Percebi naquela senhora uma satisfação por interessarmos pela história dela e por estarmos felizes na pequena Gaiole.




















De Gaiole resolvemos voltar à rota. Nosso objetivo agora era Castellina in Chianti que estava bem mais longe (27 km! rsss). Pensei que não seria surpreendido por mais nenhuma cidadezinha naquela região abençoada. Mas fui. E muito! Castellina in Chianti, tornou-se prá mim um objetivo, uma meta, um desejo ardente de contemplar. Não que ela ofereça uma calmaria maior ou melhor que as outras, mas talvez pela sua geografia, pela sua energia que deve ter batido com minha… sei lá. Sei apenas que foi uma gostosa sensação que prefiro não racionalizar tanto, apenas compartilhar, já que esse é objetivo do nossa Pimenta Rosa.



Antica Trattoria La Torre


Em Castellina encontramos uma loja de cooperativa local que além de ofertar os produtos ali produzidos, demonstrava um coleção histórica de garrafas de Chianti. Rótulos super antigos, de prdutores que talvez nem existam mais. Já que o Chianti não costuma ser m vinho de guarda, certamente essa era uma maneira deles orgulhosamente exibirem sua história. Mais adiante encontramos a famosa marca Gallo Nero, um das cooperativas mais emblemáticas da Toscana, que autentica os vinhos produzidos naquela região.



Encontramos ainda casinhas que pareciam de boneca, de tão belas, charmosas e muito bem cuidadas. Em Castellina resolvemos parar e observar o entorno por alguns minutos numa pequena praça. O vento trazia sons da natureza e aromas gostosos das fazendas. Isso nos trazia uma paz interior magnífica e memorável.


A Toscana certamente tem outras tantas surpresas que ainda queremos vivenciar. Algumas delas, como San Gimignano, Volterra, Lucca, Pisa. Ficarão para o próximo post unicamente pelo fato de estarem do outro lado da auto-estrada. Aqui vou me limitar a algumas experiências e descobertas as margens da S-222.


Entre no site desse mapa e clique em uma cidade da região do vinho Gallo Nero para obter mais informações.


Dicas e informações

Alugue um carro para fazer esse trecho, pois além de não haver trem local, essa estradinha certamente será a única Estrada do mundo onde você não fará questão nenhuma de passar dos 40 km / h. Quanto mais lento, melhor.


Pra quem vai de ônibus, pesquise antes os horários: Autolinee Chianti Valdarno


Para pesquisa de agriturismo na Toscana


Castello di Verrazzano - Saindo de Firenze, pegue a SR 222 sul para Greve in Chianti. Saindo da cidade após 18 km você vai encontrar a pequena loja do lado direito. Para o castelo, vire à direita e siga as indicações até a colina e após cerca de 2 km vai chegar Verrazzano. Além da produção de vinhos, azeite e temperos, lá também funciona como agriturismo, pesquisa as acomodações
Em Firenze tem uma Cantina de Vernnazzano
Cantinetta di Verrazzano (foccacia, vinho, queijos e salumeria da Falorni de Greve)
Via dei Tavolini, 18/r
50122 – Firenze
Aberto de 8h as 21h (julho e agosto até às 15h)/ Não abre domingo
Tel.: 39.055.26.85.90


Restaurantes IMPERDÍVEIS no Chianti.

Nerbone di Greve (massas, sopas clássicas, carnes estufadas. Muito típico)
Piazza Matteotti, 22
50022 - Greve in Chianti
Tel.: 39.055.85.33.08 / Não abre terça.

 
L’Antica Macelleria Falorni (excepcionais presuntos, com destaque para o Cinta Senese, salsichas e vários outros embutidos, também de javali)
Piazza Giacomo Matteotti, 71
Fecha no mês de fevereiro/ Não abre sexta
50022 - Greve in Chianti
Tel.:39.055.85.30.29



Antica Trattoria la Torre (referência da tradicional cozinha toscana)
Piazza del Comune
Castellina in Chianti Tel:0577.74.02.36 / Não abre sexta.



Osteria Alla Piazza (tradicional cozinha toscana. Lugar lindo.)
Fraxione La Piazza Nº 7, 53011
Castellina in Chianti
Fecha no mês de fevereiro/ Não abre domingo.
Tel: 0577.73.35.80

Um comentário:

  1. Olá, gostaria de saber se podemos beber vinho e dirigir na Italia (obviamente não demais, mas dividir uma garrafa e dirigir). Obrigada

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